Na campanha eleitoral, são simpáticos, sorridentes, apertam a mão de todo mundo, pegam criancinhas no colo, passam a mão no rosto dos idosos, andam de porta em porta mendigando votos.
Na propaganda eleitoral gratuita, aparecem visitando o grupo escolar onde dizem ter estudado (nenhum deles estudou em escola particular), abraçam velhas professoras que ficam emocionadas, dão entrevista nas suas próprias residências junto com a esposa e filhos, alguns apelam e usam declarações lacrimejantes dos avós que se dizem orgulhosos do neto.
Os cabos eleitorais - que se transformam em assessores depois - soltam foguetes, preparam churrascos, pregam cartazes, mobilizam os amigos, arrumam populares para dar entrevistas, distribuem "santinhos". Esse é o clima antes das eleições.
Porque depois das eleições, os perdedores viajam.
Ou se recolhem ao ostracismo.
Ou fazem alianças ideologicamente incompatíveis.
Ou aceitam cargos modestos para não perder o hábito de mamar. E os assessores se revestem de uma importância duvidosa como se tivessem sido bafejados por uma aura celeste e recebido a bênção dos deuses gregos do Olimpo. E não recebem as queixas do trouxa do eleitor que - ingenuamente - caiu em mais um estelionato eleitoral.
Os detentores de cargo público e seus assessores são apenas empregados temporários da população. Nada mais do que isso.
Pessoalmente (já fiz isso várias vezes no passado), quando me sinto prejudicado ou vejo algo errado na cidade, bato fotos. Junto documentos. Faço uma juntada de leis. Organizo um dossiê. Anexo meu currículo e meu título de eleitor. Solicito uma audiência pessoal com a autoridade necessária. E sempre fui recebido e tratado respeitosamente.
Aprendi que, em política, "é melhor falar com Deus do que com os santos". Aprendi também que os governos não agem, eles apenas reagem. E para que a comunidade seja atendida, ela precisa exercer a sua cidadania e protestar, berrar, reclamar nos meios de comunicação.
Caso não faça isso, terá comportamento de vaquinha de presépio. Ficará passivamente ruminando pasto, assistindo à vida acontecer.
Enquanto os poderosos riem da nossa cara. Ah... enfie a carapuça quem quiser!